O dia 15/9 foi mais um em que se discutiu as péssimas condições de saúde dos trabalhadores por aplicativos. As longas jornadas, baixa remuneração, falta de fiscalização, baixa qualificação e irresponsabilidade destas empresas em relação a contratações indevidas, tem jogado na lama, ou melhor, no asfalto, vidas de trabalhadores muitas vezes interrompidas por óbitos resultantes de acidentes.
“Cada vez mais eu vejo o nível de exploração e de falta de segurança que o trabalhador e a trabalhadora de aplicativo estão sujeitos nessa cidade”, disse a Vereadora Luana Alves (PSOL).
A médica Júlia Maria D’Andrea Greve, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi convidada para contribuir com informações relacionadas ao tema. “Lá no Hospital das Clínicas nós atendemos todos os dias, e apesar da pandemia, nesses três anos, posso dizer que os acidentes de moto não diminuíram, pelo contrário, aumentaram significativamente, para se ter uma ideia, cerca de 60% a 70% dos acidentes de moto que entraram no IOT ou que ficaram internados gravemente, estão relacionados aos aplicativos de entrega”, disse.
Cecília Martins, da Vigilância em Saúde - Secretaria Municipal da Saúde, considera importante regulamentar a categoria, já que, segundo ela, o trabalho dos entregadores de aplicativo é precarizado. Cecília também trouxe números da capital paulista para ilustrar o debate. “Juntando 2019, 2020, 2021 e 2022, acidentes de trânsito com bicicleta e motocicleta, foram 14.453. De bicicleta foram quase 2.300, com motocicleta mais de 12 mil”.
De acordo com Cecília, o registro do número de acidentes que envolvem motofretistas e motoboys não representa a realidade. “De quase 15 mil acidentes, em quatro anos, apenas 917 foram notificados como acidente de trabalho. Vocês que vivem no dia a dia concordam com isso? Essa é a primeira pergunta. Será que esse número não está subnotificado?”, argumentou.
Em relação às mortes em acidentes de trânsito na cidade, também envolvendo bicicletas e motos, entre 2019 e 2022, Cecília informou que são 834. “Dessas 834 só foram consideradas 99 mortes como acidente de trabalho. Aí, volta a pergunta, para quê notificar se não temos direito a nada?”.
Gilberto Almeida do Santos, presidente do SindimotoSP (Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxista Intermunicipal do Estado de São Paulo), utilizou a tribuna do Plenário para defender a categoria. “Esse é um segmento gigantesco, com aproximadamente 400 mil profissionais atuando dentro da cidade. Não dá para ser explorado dessa forma e não acontecer nada com as empresas de apps, que desrespeitam as leis. Elas precisam ser responsabilizadas” argumentou.
Foto divulgação Youtube Câmara Municipal de São Paulo
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