O entregador Nilton Ramon de Oliveira, de 24 anos, foi baleado na coxa nesta segunda-feira (4/3), na zona oeste do Rio de Janeiro, pelo PM identificado como Roy Martins Cavalcanti, que prestou depoimento na 30ª DP (Marechal Hermes), sendo liberado logo em seguida.
Nilton passou por cirurgia e segue internado em estado grave no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Municipal Salgado Filho, no Rio.
Esta é a situação que não deixa dúvidas sobre a discriminação que os entregadores estão sujeitos. O agressor é liberado enquanto o trabalhador está na UTI.
É um cenário autêntico de injustiça porque fica uma pergunta: e se o entregador é que tivesse atirado nas mesmas circunstâncias no PM? Fácil responder que seria a cadeia o lugar que estaria.
Segundo testemhunhas, durante a entrega, Roy exigiu que o entregador entregasse o lanche no apartamento, o que foi negado.
Mesmo explicando que os profissionais de entrega por app não são obrigados a subir até o apartamento dos clientes, os dois começaram a discutir, primeiro pelo aplicativo de entrega e depois, no local de onde saiu o pedido, porém, com Roy já armado e que, em posse da arma, deliberadamente disparou a queima-roupa no entregador.
Esse é mais um episódio lamentável de agressão física, abuso de autoridade e violência sem sentido, pois o trabalhador estava em pleno exercício da profissão e que de fato, não o obriga subir até o apartamento.
Segundo o presidente do SindimotoSP e da Febramoto, Gilberto Almeida dos Santos, o Gil, o trabalho do profissional motociclista e ciclista termina no portão com a entrega da mercadoria e o recebimento da prestação de serviço que o cliente contratou. “Do portão para dentro, é obrigação do cliente ou do prédio a logística da entrega porque é outro tipo de prestação de serviços”, afirma Gil.
Tanto os entregadores por app quanto os motoboys que trabalham em regime de CLT concordam com a afirmação do presidente do sindicato dos motoboys porque alguns prédios tem muitas torres e o tempo gasto ali dentro acaba deixando entregas por fazer, o que afeta no ganho mensal dos trabalhadores. Sem falar que, caso aconteça algo, é sempre o entregador que tem culpa.
Especialistas de segurança também entram na defesa dos motociclistas e ciclistas e afirmam que o melhor é o próprio morador ir até o portão e receber a encomenda através de abertura própria para esse fim, e evitar que assaltantes que usam uniformes de entregadores pratiquem roubos.
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