Nos últimos anos, a renda de entregadores de aplicativos está encolhendo devido a redução drástica do valor de entrega promovido pelas empresas de app, diz o IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada do Ministério do Planejamento e Orçamento - Governo Federal, e nenhum reajuste salarial ou alguma forma que compense essas perdas, quando equiparadas à inflação medida pelo IPCA - Índice Oficial de Inflação do Brasil, tem sido oferecidos para os entregadores.
Segundo o estudo Plataformização e Precarização do Trabalho de Motoristas e Entregadores no Brasil, apresentado recentemente pelo Ipea, o rendimento médio dos entregadores vinculados a plataformas, apresentou recuo de R$ 2.250, em 2015, para R$ 1.650 em 2021. De lá para cá, a redução continuou em ritmo acelerado, já que, naquele período, o número de brasileiros ocupados nessa atividade saltou de 56 mil para 366 mil, ou seja, mais trabalhadores cadastrados nas plataformas atendem a necessidade da empresa, que reduz valor da entrega para lucrar mais.
Enquanto a situação piora para esses trabalhadores, os que estão registrados via CLT acumularam aumentos salariais nos últimos 10 anos conforme índices de aumento real no salário de acordo com o próprio IPCA, além da manutenção de direitos trabalhistas como férias, 13º, banco de horas, seguro de vida, aluguel de moto ou bike, adicional de periculosidade para os motociclistas, cesta básica, vale refeição e DSR, entre outros benefícios.
O estudo do IPEA, de autoria dos técnicos de planejamento e pesquisa Sandro Sacchet e Mauro Oddo, mostra ainda que a jornada de trabalho dos entregadores saltou de 2,6%, em 2012, para 8,6%, em 2022, ultrapassando 60 horas semanais. Em 2024, difícil não encontrar um entregador que faça em média 15 horas de jornada diária para garantir um renda mensal que pague as contas.
O relatório do IPEA também revela severa precarização da atividade dos trabalhadores que foram plataformizados, levando especialistas em segurança do trânsito afirmarem que os entregadores, devido jornada longa de trabalho e o stress causado por longas horas no caótico trânsito das cidades, estão mais propensos a acidentes fatais.
Outra questão levantada no estudo em relação a esse aumento da jornada de trabalho, é que ela vai na contramão de toda a tendência do mercado de trabalho atual, que tem sido reduzir as jornadas de trabalho mais longas garantido mais qualidade de vida para os trabalhadores em geral.
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