Dados da entidade, levantados com base nas informações de importação da Receita Federal, mostram que 50% dos pneus importados da Ásia entram no país com preços inferiores ao das matérias primas usadas no produto e 100% das importações estão abaixo do custo de produção industrial.
A entrada indiscriminada de pneus importados está afetando duramente a indústria instalada no país.
Para se ter uma ideia, de 2017 para 2023 as vendas de pneus da indústria nacional, para passeio e carga, caíram 18%, enquanto as importações cresceram 117%. Quando comparado os cinco primeiros meses de 2017 e de 2024, o mercado nacional encolheu 19% e as importações cresceram 229%, levando a indústria nacional aos anos pandêmicos da COVID-19.
Os efeitos já começam a ameaçar empregos.
A indústria de pneus instalada no país emprega 32 mil trabalhadores diretos e 500 mil indiretos. Dos diretos, 2.500 funcionários já estão em suspensão ou redução da jornada de trabalho (lay-off).
A concorrência desleal dos pneus asiáticos também está causando danos ambientais no Brasil.
Os fabricantes nacionais há anos cumprem as metas de recolhimento de pneus inservíveis no mercado doméstico. Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) mostram que os fabricantes nacionais têm um saldo acumulado de 127 mil toneladas de pneus recolhidos para reciclagem. Os importadores, por sua vez, têm um passivo ambiental de 419 mil toneladas de pneus não recolhidos.
“Este dado é preocupante para o país. Enquanto a indústria nacional está comprometida com destinação correta do resíduo que gera, vemos empresas caminhando em outra direção”, finaliza Curt Müller.
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